A seleção brasileira está longe de agradar dentro de campo; porém, no mercado da bola, é campeã de vendas e de lucros para clubes e empresários. Nos dois anos da gestão de Mano Menezes à frente da equipe, 27 jogadores foram vendidos após serem convocados — sem contar as negociações de atletas como Lúcio e Júlio César, que mudaram de clube sem o pagamento de cifras milionárias. Transações que, somadas, movimentaram R$ 1 bilhão (em valores atuais).
No mercado verde e amarelo, que balançou na última semana com a venda de Hulk para o russo Zenit por R$ 140 milhões, o grande destaque é Carlos Leite. O empresário cuida da carreira de Mano e de cinco jogadores negociados desde agosto de 2010: Elias, Jucilei, Renan, André Santos e Romulo — o único presente no atual elenco do Brasil. As vendas e revendas dos cinco saíram por R$ 100 milhões (dados do portal Transfermarkt); e parte dessa fortuna direto para Carlos, que detém percentuais dos direitos dos jogadores.
— Desculpe, mas não vou falar sobre o assunto — respondeu Leite.
Sempre que questionado sobre a relação com Carlos Leite, Mano garante que não pensa em empresários ao convocar os atletas. Além dos cinco vendidos, Carlos Leite já emplacou, na seleção, Anderson, do Manchester United, Renato Augusto, do Bayer Leverkusen, Lucas, do Liverpool, e Cássio, do Corinthians, chamado agora para os amistosos contra África do Sul e China. Para a alegria da língua afiada de Romário, crítico ferrenho do comandante da seleção:
— Agora, o goleiro do Corinthians (Cássio), que tem seus direitos econômicos ligados a pessoas da CBF, após a convocação e alguns jogos pela seleção, se já não foi, será vendido para o Roma (Itália). Quem leva? — disparou o Baixinho.
— Isso não é um problema que me compete, não tenho nada com isso — rebate Carlos Leite sobre Romário.
Carlos Leite não é o único, contudo, que encheu os cofres com atletas da seleção. A empresa Think Ball, de um grupo de investidores, negociou com sucesso Douglas, Mariano e Jadson por, somados, R$ 26 milhões. Outros atletas, como Carlos Eduardo, que já havia sido lembrado por Dunga, fizeram lucro na gestão de Mano. Duas semanas depois de aparecer na lista para o amistoso contra os Estados Unidos, em agosto de 2010, o Rubin Kazan pagou R$ 50 milhões ao Hoffenheim pelo apoiador.
Em dois anos de seleção, Mano chamou 85 jogadores — 32% deles acabaram envolvidos em vendas.
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