quinta-feira, 30 de junho de 2011


GDF instaura auditoria para apurar esquema de superfaturamento de eventos
Polícia Civil apura esquema de superfaturamento de eventos culturais e esportivos na capital do país. Uma das empresas suspeitas recebeu mais de R$ 17 milhões.


Publicação: 29/06/2011 11:53Atualização: 29/06/2011 12:13
A FJ Produções foi contratada para produzir o Esporte nas Cidades na Estância 4, em Planaltina, mas prestou serviço caro e sem qualidade (POlicia Civil/Divulgação)
A FJ Produções foi contratada para produzir o Esporte nas Cidades na Estância 4, em Planaltina, mas prestou serviço caro e sem qualidade

Os relatos de que há no Distrito Federal uma organização criminosa envolvendo empresas, gestores públicos e até políticos, além de especializada em superfaturar eventos culturais e esportivos, são frequentes. Muitas denúncias estão em fase de investigação pela polícia e pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Mas provar a existência de sobrepreço em contratações não é fácil. Exige observação minuciosa antes, durante e depois de finalizado o processo. Por isso mesmo, muitas suspeitas caducam por falta de provas. Em uma delas, no entanto, isso não ocorreu. A acusação de irregularidades na realização do programa Esporte nas Cidades foi acompanhada em todas as etapas. E o resultado, segundo a Polícia Civil, comprovaria as primeiras desconfianças: houve fraude.

Os indícios de superfaturamento deram origem a um inquérito na Divisão Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap). Na tarde de ontem, policiais da Decap cumpriram mandado de busca e apreensão na sede da empresa FJ Produções Ltda., localizada na comercial da 102 Norte. Foram recolhidos documentos e computadores, que devem auxiliar na investigação, batizada de Operação Balder.

A FJ Produções foi contratada no ano passado para produzir o Esporte nas Cidades no bairro Estância 4, em Planaltina, que ocorreu em 18 e 19 de setembro. A partir de uma denúncia anônima, policiais civis à paisana acompanharam a realização do evento em Planaltina. Eles flagraram inúmeras distorções entre os serviços acertados e o que de fato foi feito. Todas as irregularidades foram registradas em fotos, que fazem parte do inquérito policial.

No detalhamento do plano de serviço, há, por exemplo, a previsão de oito banheiros químicos que custariam R$ 3,2 mil. Mas no dia do Esporte nas Cidades não havia nenhuma cabine à disposição da comunidade. Também foi descrita a colocação de 288 metros de piso palet com carpete ao custo de R$ 37.440. As fotografias tiradas por policiais demonstram, entretanto, que o evento se deu em chão de terra batida. Os documentos indicam que a Secretaria de Esporte alugou 68 metros de arquibancada, mas, no dia da festa, não havia mais de 10 metros de acomodações. Mesmo assim, cobrou-se o preço original, de R$ 12.920. O GDF pagou para cada mesa plástica usada no evento R$ 30, quando pesquisa no mercado mostra que o kit com mesa e quatro cadeiras custava, no máximo, R$ 6.

O problema é que, mesmo com todas as diferenças entre o que previa o contrato e o padrão do evento, Gleyriston Gomes de Sousa — então executor dos serviços pela Secretaria de Esporte — atestou a realização do programa em Planaltina tal qual o combinado em contrato. Chamado a depor na Decap, Gleyriston disse, a princípio, que havia acompanhado o evento e que teria ocorrido sem falhas. Alertado sobre a presença da Polícia na data e as fotos tiradas do lugar, Gleyriston, então, mudou a versão. Admitiu que não havia feito o trabalho corretamente.

Relatos
A partir dos relatos de Gleyriston, que citou as pessoas a quem se reportava, a polícia investiga a origem do que pode ser um esquema de fraudes envolvendo mais gestores públicos. Nos últimos dois anos, a FJ Produções Ltda., que pertence ao ex-ciclista profissional Jamil Elias Suaiden, recebeu em contratos assinados com as secretarias de Esporte, Educação e Saúde R$ 17,68 milhões. Os valores mais significativos são de 2009 (R$ 8,8 milhões) e de 2010 (R$ 8,6 milhões), mas, em 2011, o GDF emitiu notas bancárias em favor da firma investigada: R$ 169.065,68. Os dados são oficiais e foram pesquisados no Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo).
 (Breno Fortes/CB/D.A Press - 12/5/11)
Em função da Operação Balder, que flagrou as incoerências entre o contrato com a Secretaria de Esporte e o evento realizado em 2010, a Polícia Civil barrou o pagamento de R$ 99 mil à FJ Produções, valor recebido pela empresa por conta do evento organizado em Planaltina. A estimativa, segundo a Decap, é de que o Esporte nas Cidades custou não mais do que R$ 6 mil. Segundo o diretor da Decap, Flamarion Vidal, a medida de acompanhar a realização dos eventos sob suspeita é peça importante na engrenagem das investigações de superfaturamento. “A polícia passa agora a frequentar e a registrar a realização desses eventos com o objetivo de confrontar os dados com as prestações de contas futuras”, alertou Flamarion.

Diante das evidências de fraude, a Secretaria de Transparência do GDF decidiu abrir uma auditoria para apurar se houve ilegalidade em outros contratos envolvendo a FJ Produções. O Correio tentou ouvir os representantes da empresa FJ Produções, mas não conseguiu fazer o contato até o fechamento da edição.

Convênio
A empresa tem uma fatia robusta no mercado do governo federal. Opera um contrato por adesão a ata de registro de preços no valor de R$ 95 milhões com o Ministério da Educação. Começou com convênios de menos de R$ 20 mil, em 2009, mas logo passou a gerir parcerias milionárias. Concorrentes da FJ Produções fizeram denúncias ao Tribunal de Contas da União de irregularidades nas licitações envolvendo a firma.

Mitologia
Referência a um deus nórdico. Balder é descrito como uma divindade da justiça e da sabedoria. Sua popularidade teria atraído a ira de Loki, outro gigante da mitologia, mas sempre disposto a tramar o mal. Loki, aliás, é nome de duas operações da Polícia Civil com o MPDFT, que investigam contratos mantidos entre empresas de eventos com administrações regionais.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/06/29/interna_cidadesdf,258967/gdf-instaura-auditoria-para-apurar-esquema-de-superfaturamento-de-eventos.shtml
Fonte: 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Boletim (In)Formativo 31



Escrito por Luciano Torres   
20.06.11
 Quem deseja ser professor na Universidade Estadual de Roraima (UERR) deve ficar atento. A UERR lançou o edital  do concurso  público que oferece 97 vagas para docentes com as titulações de especialistas, mestres ou doutores. Os salários variam de R$ 2.926, 08 a R$ 6.387, 28 e as inscrições podem ser feitas até o dia 22 de julho no site uerr.edu.br. 
O reitor da UERR, Hamilton Gondim, disse que a realização de concursos é uma das prioridades da sua gestão na instituição. “Precisamos melhorar a qualidade do ensino com a contratação de profissionais e com investimentos em infraestrutura”, disse. O concurso atende a uma resolução do Conselho Estadual de Educação de que a instituição precisa ter 1/3 de professores com titulações. Atualmente, a UERR possui 13 doutores, 41 mestres e 38 especialistas.

As vagas estão abertas para as seguintes áreas: Administração, Agronomia,Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Direito, Economia, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Florestal, Filosofia,Física, Geografia, História, Letras com Habilitação em Espanhol, Letras com Habilitação em Inglês, Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Literatura, Letras/Macuxi, Libras, Matemática, Pedagogia, Pedagogia/Campo, Química, Segurança Pública, Serviço Social, Sociologia e Turismo.

O salário para  doutores é de R$ 6.387,28 , para mestres R$ 4.323,15 e especialistas R$ 2.926,08 . Os aprovados que forem lotados nos campi do Interior terão direito a uma gratificação de 15, 25 ou 35% sobre o salário. A taxa de inscrição é de R$ 100.

Fonte: http://www.uerr.edu.br/uerr08/index.php?option=com_content&task=view&id=1684&Itemid=1

PEDAGOGIAS MARXISTAS 02


Conforme combinado, todas as segundas-feiras irei postar um vídeo do curso PEDAGOGIAS MARXISTAS, ministrado em 2010 na Faculdade de Educação da UNICAMP, pelo Grupo de Estudo e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR). 
A segunda aula trata das questões de Educação e Ensino em Marx & Engels. O link se encontra abaixo:


Aula 2 - Educação e Ensino em Max & Engels
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Faculdade de Educação - FE
Prof. Dr. José Claudinei Lombardi

Data: 20/08/2010

domingo, 26 de junho de 2011

Boletim (In)Formativo

Grundrisse

Manuscritos econômicos de 1857-1858
Esboços da crítica da economia política
Karl Marx

Muito mais que “esboços” ou adiantamento da obra maior de Karl Marx, os três manuscritos econômicos de 1857-1858 que compõem os quase lendários Grundrisse constituem patrimônio das ciências humanas de inestimável valor.
Parte de uma luta ideológico-política pela exclusividade do “verdadeiro” Marx, a obra somente veio à luz já na primeira metade do século XX, em virtude dos conflitos centrados no controle que o Partido Comunista da ex-URSS exerceu sobre os escritos não divulgados do filósofo alemão. Considerados inicialmente espécie de amostra ou work in progress do que viria a ser a obra central de Marx, sabe-se hoje que examinar os Grundrisse é como ter acesso ao laboratório de estudos de Marx no curso de sua extensa atividade intelectual, o que permite acompanhar a evolução de seu pensamento, as áreas específicas de interesse que deles se desdobram, e, sobretudo, compreender no detalhe o seu método de trabalho.
Publicada integralmente e pela primeira vez em português, esta obra crucial de Marx para o desenvolvimento de sua crítica da economia política consiste em três textos bastante distintos entre si em natureza e dimensão. O primeiro, que só mais tarde o filósofo intitularia “Bastiat e Carey”, foi escrito em um caderno datado de julho de 1857. O segundo, contendo o que seria uma projetada Introdução à sua obra de crítica à economia política, é de um caderno de cerca de trinta páginas, marcado com a letra M e redigido, ao que tudo indica, nos últimos dez dias de agosto de 1857. O terceiro manuscrito, e o mais extenso, compreende a obra póstuma de Marx que ficou conhecida como Esboços da crítica da economia política, ou simplesmente Grundrisse, conforme o título da edição alemã. Tal texto consiste em dois capítulos (“Capítulo do dinheiro” e “Capítulo do capital”) distribuídos em sete cadernos numerados de I a VII. Segundo Francisco de Oliveira, professor de sociologia da Universidade de São Paulo (USP), na capa do livro, “o vigoroso teórico pode ser justamente tido como um escritor de primeira plana; ele tinha, sem muita modéstia, inteira consciência de seu valor literário e, talvez por exagero – e que temperamento! –, tenha deixado na obscuridade muitos textos dos Grundrisse e que estão agora com os leitores do Brasil e de outras paragens para nossa delícia teórica e nossas elaborações na tradição marxista”.
Trabalho de anos de tradução rigorosa diretamente dos originais em alemão, com coedição da Boitempo Editorial e Editoria UFRJ, os Grundrisseconstituem a versão inicial da crítica da economia política, planejada por Marx desde a juventude e escrita entre outubro de 1857 e maio de 1858. Ela seria depois muitas vezes reelaborada, até dar origem aos três tomos de O capital. “O fato de ser uma primeira versão não faz destes escritos algo simples ou de mero interesse histórico. Além de entender o ponto de partida da grande obra de maturidade de Marx, eles permitem vê-la de uma perspectiva especial só possível com manuscritos desse tipo, pois, como não pretendia ainda publicá-los, o autor os considerava uma etapa de seu próprio esclarecimento, concedendo-se liberdades formais abolidas nas versões posteriores”, afirma na orelha o professor de história da USP, Jorge Grespan.
Segundo o tradutor e supervisor da edição, Mário Duayer, mesmo diante de mazelas da vida, o prognóstico de uma crise econômica iminente forneceu a Marx o estímulo para pôr no papel as descobertas de seus longos anos de estudos de economia política e dar uma primeira forma à sua crítica. “Vivendo em extrema pobreza, permanentemente sitiado por credores, cliente habitual de lojas de penhor, castigado por problemas de saúde e devastado pela morte prematura de quatro dos seus sete filhos – decerto em virtude das condições materiais em que vivia a família –, o que de fato surpreende é como ele foi capaz de produzir, nessas circunstâncias, não só um trabalho tão magnífico, uma das obras científicas mais importantes e influentes de todas as épocas, mas, acima de tudo, uma obra motivada por uma paixão genuína pelo ser humano”. 
Trecho do livro
“Carey, cujo ponto de partida é a emancipação da sociedade burguesa do Estado na América do Norte, termina, entretanto, com o postulado da intervenção do Estado para que o desenvolvimento puro das relações burguesas, como de fato ocorreu na América do Norte, não seja perturbado por influências exteriores. Ele é protecionista, ao passo que Bastiat é livre-cambista. A harmonia das leis econômicas aparece em todo o mundo como desarmonia, e os primeiros indícios dessa desarmonia surpreendem Carey inclusive nos Estados Unidos. De onde vem esse estranho fenômeno? Carey o explica a partir da influência destrutiva da Inglaterra sobre o mercado mundial com sua ambição ao monopólio industrial. Originalmente, as relações inglesas foram distorcidas no interior do país pelas falsas teorias de seus economistas. Atualmente, como poder dominante do mercado mundial, a Inglaterra distorce a harmonia das relações econômicas em todos os países do mundo. Essa é uma desarmonia real, de maneira nenhuma baseada meramente na concepção subjetiva dos economistas. O que a Rússia é politicamente para Urquhart, a Inglaterra é economicamente para Carey. A harmonia das relações econômicas, para Carey, baseia-se na cooperação harmônica de cidade e campo, de indústria e agricultura. Essa harmonia fundamental, que a Inglaterra dissolveu em seu interior, ela destrói por meio de sua concorrência no mercado mundial e, assim, é o elemento destrutivo da harmonia universal.”
Sobre a coleção Marx-Engels
A publicação dos Grundrisse coroa o ambicioso projeto da Boitempo Editorial de traduzir o legado de Karl Marx e Friedrich Engels, contando com o auxílio de especialistas renomados e sempre com base nas obras originais. Com 12 volumes publicados, a coleção teve início com a edição comemorativa dos 150 anos do Manifesto Comunista, em 1998. Em seguida foi publicada A sagrada família (2003), obra polêmica que assinala o rompimento definitivo de Marx e Engels com a esquerda hegeliana. Os Manuscritos econômico-filosóficos (2004) vieram na sequência, ao qual se seguiram os lançamentos de Crítica da filosofia do direito de Hegel (2005); Sobre o suicídio (2006); A ideologia alemã (2007); A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (2008); Sobre a questão judaica (2010); Lutas de classes na Alemanha (2010); O 18 de brumário de Luís Bonaparte (2011); A guerra civil na França (2011), em comemoração aos 140 anos da Comuna de Paris; e agora os Grundrisse (2011).
Ficha técnica
Título: Grundrisse
Subtítulo: Manuscritos econômicos de 1857-1858: Esboços da crítica da economia política
Título original: Karl Marx Ökonomische Manuskripte 1857/58
Autor: Karl Marx
Tradução: Mario Duayer, Nélio Schneider, Alice Helga Werner e Rudiger Hoffman
Supervisão editorial e apresentação: Mario Duayer
Orelha: Jorge Grespan
Quarta capa: Francisco de Oliveira
Páginas: 792
Preço: R$ 79,00
ISBN: 978-85-7559-172-7
Editoras: Boitempo e UFRJ

Mais Informações:
Ana Yumi Kajiki
comunicacao@boitempoeditorial.com.br
55 11 3875 7285
55 11 8777 6210
Boitempo Editorial
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segunda-feira, 20 de junho de 2011

PEDAGOGIAS MARXISTAS 01

O grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil" (HISTEDBR), realizou ao longo do segundo semestre de 2010, o curso  PEDAGOGIAS MARXISTAS, realizado na FE-UNICAMP, na turma "História Geral da Educação e da Pedagogia".
São quinze vídeos-aulas que postarei aqui todas, uma a uma, durante quinze segundas-feiras. Espero que aproveitem, comentem e contribuam para o debate. Os vídeos são imperdíveis.

Aula 1 - Apresentação da disciplina
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
Faculdade de Educação - FE
Prof. Dr. José Claudinei Lombardi
Data: 06/08/2010

ASSISTA
http://cameraweb.ccuec.unicamp.br/video/cwY4249w9d/

Boletim (in)Formativo

“A Revolução Cubana 52 anos depois: transformações e desafios”.

O Reitor da Universidade de Brasília e o Embaixador de Cuba no Brasil têm o prazer de convidar para o Ciclo de Debates sobre o Tema “A Revolução Cubana 52 anos depois: transformações e desafios”.
Data: 29 de junho de 2011
Hora: 10 horas
Local : Auditório do Memorial Darcy Ribeiro( Beijódromo).
            Campus Universitário da UnB
Organização:
NESCUBA/CEAM, INT, DCE
EMBAIXADA DE CUBA NO BRASIL
Favor confirmar presença: Conselheiro Edgardo Valdés.
Telefone: 32484710
Email:imprensacuba@uol.com.br
Professor Juarez Rodrigues -  NESCUBA/CEAM
Telefone: 91817706                                              Email:juarez.marodrigues@hotmail.com
Divulgado por:
Assessoria de Assuntos Internacionais- INT
Prédio da Reitoria, sala AT-43
telefone: 3107-0465
Visite o nosso site:
http://www.int.unb.br/

domingo, 19 de junho de 2011

LEITURA OBRIGATÓRIA


Para reforçar a divulgação e o convite à leitura, segue abaixo sumário do último número da Pensar a Prática!



Editorial
QUANDO MENOS É MAIS: POLÍTICA EDITORIAL E O FETICHISMO DO NÚMERO
Cleber Dias, Ana Márcia Silva

Artigos Originais

Kezia Rodrigues Nunes, Amarílio Ferreira Neto

Luis Eugênio Martiny, Samara Queiroz do Nascimento Florêncio, Pierre Normando Gomes-da-Silva

Vanessa Ferreira Lima, Flávia Fernandes de Oliveira, Thiago Sinésio, Márcio Mário Vieira

Néri Emilio Soares Junior

Aline Tschoke, Thais Gomes Tardivo, Simone Rechia

Edison Roberto de Souza, Alba Regina Battisti de Souza, Juarez Vieira do Nascimento, Júlio Cesar Schmitt Rocha

Adriana Coutinho de Azevedo Guimarães, André Manabu Kaneoya, Amanda Soares, Zenite Machado, Sabrina Fernandes

Juarez Alves Neves Jr., Maria Berenice Alho da Costa Tourinho

Maria Luisa Oliveira Cunha, Janice Zarpelon Mazo

Grasiely Faccin Borges, Tânia Rosane Bertoldo Benedetti, Sidney Ferreira Farias

Iara Cristina Galharde Carrasco, Ronê Paiano, Elisbete dos santos Freire

Giuliano Salera Ricci, Heloisa Helena Baldy dos Reis, Rafael Pombo Menezes, Clodoaldo José Dechechi, Cintia Ramari

Artigos de Revisão

Renata Luísa Bona, Leonardo Alexandre Peyré-Tartaruga

Isac Alexandre Ferreira-Silva, Enrico Fuini Puggina

Rosecler Vendruscolo, Doralice Lange de Souza, Fernando Renato Cavichiolli, Suélen Barboza Eiras de Castro

Ensaios

Felipe Rodrigues da Costa, Fabio Padilha Alves, Leonardo Perin Ribeiro

Renata Osborne, Carlos Alberto Figueiredo da Silva, Sebastião Josué Votre

Espaço Vivo


O “Bullying Social” do Professor
por Tiago Onofre

Há alguns meses venho planejando um esboço de reflexão sobre o tema da violência escolar, traduzido atualmente como Bullying, principalmente pelos recentes casos noticiados, especificamente pela internet, que levaram muitos a tomar contato superficial com o tema. 
De início tivemos, no fim de Março, a divulgação do vídeo de um garoto australiano, Casey Heynes, revidando as agressões de seu colega, Ritchad Gale, que o transformou em símbolo de combate às práticas de violência escolar, reascendendo o debate acerca do tema, ocupando lugar de destaque nos sites que compõem as redes sociais (Facebook, Youtube, Twitter, Orkut). Poucas semanas depois, tivemos, no início do mês de Abril, a tragédia em Realengo, em que um homem invadiu uma escola, no Rio de Janeiro, atirando contra os alunos, resultando a morte de 11 crianças e, novamente, o tema do Bullying ressurge como um dos motivos que o levara a cometer tamanha atrocidade.

Os dois casos anunciados impulsionaram, para além da internet, o debate acerca da violência escolar, entre os pais, alunos, diretores, professores, psicólogos buscando respostas, motivos, soluções, para as situações humilhantes em que muitos alunos vivenciam silenciosamente. Tenho a impressão que, o volume de informações, notícias, vídeos que se originaram a partir dos destes casos, tenha sofrido um desgaste, de maneira pouco reflexiva, esfriando o interesse da sociedade civil no tema, pelo uso incansável e vulgar do termo, ligado a qualquer tipo de violência, esvaziando, assim, a sua atualidade e importância.
Por qual motivo trago novamente o tema para este texto? Penso que a questão merece reflexões mais rigorosas, além daquelas reclamações oriundas de um sensacionalismo vazio, abstrato e descartável.
Primeiro, ao discutirem o Bullying, tratam-no apenas na esfera escolar, como se a escola fosse isolada e isenta das relações sociais no geral, como se dentro dela fosse possível uma blindagem dos problemas que ocorrem na sociedade. Deixemos claro que, compreendemos o Bullying, como uma das manifestações da violência, consequencia geral de uma sociedade individualista, competitiva, egoísta, na qual a escola influencia e por ela é influenciada.
Em segundo lugar, o assunto, na maioria das vezes, é tratado apenas quando o aluno é a vítima e, a partir daí, trago a questão principal do texto: E o bulling contra o professor? Como fica?
Se assistirmos a uma importante reportagem do programa "Profissão Repórter" da Rede Globo, veremos que a violência na Escola é mais abrangente, identificamos o descaso no qual o professor é tratado. Outros casos de violência contra o professor são noticiados atualmente, como o assassinato do professor de Educação Física Kassio Vinicius Castro Gomes, em Minas Gerais; casos de cyberbullying, o bullying virtual, como o da professora de Educação Física, Marinês Ló, no Paraná; e pasmem, casos de agressão de pais contra o professor, como o da escola municipal Ruy Barbosa, no Rio de Janeiro. O professor, como qualquer outro indivíduo dentro da escola, também é vítima deste fenômeno.

Esta semana, o Senado aprovou a inclusão de combate ao "bullying" na LDB. Há de se pensar que, a simples inclusão de leis não mudará a realidade. Apenas burocratizam ainda mais as relações sem, contudo, solucionar as causas, que ultrapassam os limites da escola. A lei somente trará algum efeito quando a realidade apontar para a superação do problema, refletindo, assim, a situação concreta atingida. Visões, saídas, respostas, como esta se apresentam como superficiais, por apenas tratarem os efeitos e não as causas. Buscando ir além dessa interpretação, compreendo que a situação de violência é reflexo de todo um processo de crescente desvalorização do professor, vitimado por outras formas de violência, como a precarização do trabalho, os baixos salários, a falta de materiais, o falta de incentivos, configurando assim uma espécie de "bullying social", depreciando ainda mais a imagem do professor.
Pegando carona em mais um fenômeno da internet, a Professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, aproveitando a onda de indignação causada, proponho que, de maneira conjunta, os leitores devem repensar a situação de descaso com a Educação e com o professor, dialogando com toda a comunidade escolar e a sociedade civil em geral, acerca dos problemas, dos conflitos, para além da denúncia, da simples exposição dos fatos, visando a superação por meio da conscientização sobre o tipo de sociedade almejamos formar e viver, partindo de situações concretas, por meio de uma ética que orientará a reflexão sobre o papel de cada um na constituição de uma sociedade mais humana, altruísta, coletiva, tendo o bem-comum, o objetivo geral a ser alcançado.

 
Obs: As referências estão em formato de links ao longo do texto, que os levarão às notícias e vídeos que ilustram os exemplos apontados. Portanto, cliquem a vontade.

Janela da Alma

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QUA, 15 DE JUNHO DE 2011 10:09


Em Brasília, marchamos porque apenas nos primeiros cinco meses desse ano, foram 283 casos registrados de mulheres estupradas, uma média de duas mulheres estupradas por dia, e sabemos que ainda há várias mulheres e meninas abusadas cujos casos desconhecemos; marchamos porque muitas de nós dependemos do precário sistema de transporte público do Distrito Federal, que nos obriga a andar longas distâncias sem qualquer segurança ou iluminação para proteger as várias mulheres que são violentadas ao longo desses caminhos.
No Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se comportam ou pela forma como estavam vestidas; marchamos porque a mesma sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica, física ou sexual.
No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas podemos.
Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas, já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro enquanto estávamos inconscientes, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e estupradas por vários homens ao mesmo tempo durante a Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias apenas porque somos MULHERES.
Mas, hoje, marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS
SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos. Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade
destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres.
Somos todas as mulheres do mundo! Mães, filhas, avós, putas, santas, vadias...
todas merecemos respeito!