É
assim mesmo...
Por Tiago Onofre
“Quem
não se movimenta não sente as correntes que o prendem” – Rosa Luxemburgo
Em Setembro de 2011,
participei pela primeira vez de uma passeata, uma marcha, nesse caso, contra a
corrupção, na agradável manhã de 7 de Setembro. Foi uma
experiência interessante em se tratando de um ato coletivo em reação a algo que
nos incomoda. O teor deste texto não é o simples relato dessa experiência, mas
algumas reflexões acerca do fato de se incomodar.
Durante a marcha, pude
perceber o ato de indignação da sociedade perante a corrupção no País. Naquele
momento, algumas figuras como José Sarney (para mim a maior representação de
político corrupto) e Jaqueline Roriz foram os maiores criticados, essa última,
talvez, pelo “calor do momento” de sua absolvição.
Nesse final de semana
presenciamos mais uma “onda de calor” que nos leva novamente a indignarmos
sobre a situação atual, impulsionada, por um lado, pela greve geral de
professores, no Estado de Goiás e Distrito Federal, contra o crescente descaso
com a Educação e, por outro, pelo “Efeito Cachoeira”, na qual os dois
governadores desses Estados estão envolvidos.
As manifestações são
importantes e esperamos que tenham resultados históricos como os movimentos
“Diretas Já” e “Caras-pintadas” de décadas anteriores, mas precisamos apreender
da/na realidade, quais os limites e aberturas históricas para a superação.
Mas vivenciamos tempos
de descontentamento e descrença na força em que essa forma de movimento social
tem enquanto efetiva reação. O histórico de corrupção e sua consequente
impunidade, a criminalização, ou pior, ridicularização à qualquer movimento
popular de reação, nos leva a pensamentos de que “não dará em nada”, como no já
citado e esquecido caso Jaqueline Roriz.
Reforço aqui que
devemos sim reagir, criticar, manifestar, paralisar, fazer o que for preciso
para mudar o estado atual das coisas. Devemos vencer o comodismo crescente dos
últimos tempos que sufoca as nossas esperanças. Devemos lutar e estarmos
prontos até o histórico momento em que a possibilidade concreta esteja ao nosso
alcance. O Estado e a política não são entes superiores e alheios à sociedade,
nós somos parte deles.
Por fim, nossa maior
dificuldade, além das alarmantes situações concretas, é abandonar a visão da impossibilidade
de mudança, presa cada vez mais na crença de que a realidade e a História,
aparentemente situadas num presente perpétuo, no qual o passado inexiste e o
futuro nos condena.
Eis, então, o grande desafio, afinal de contas, é assim
mesmo...
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