segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Indicação de leitura

Trabalho de doutorado de extrema relevância para compreendermos a profissão de educação física no âmbito do mercado do Fitness e as relações empresa X trabalhadores. Uma mão cheia para os Sindicatos que visam defender os interesses da classe trabalhadora.


QUELHAS, Alvaro de Azeredo. Trabalhadores de educação física no segmento fitness: um estudo da precarização do trabalho no Rio de Janeiro. 2012. 250 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2012.
Resumo  > Abstract  
O objetivo deste estudo foi de analisar a precarização do trabalho no setor de serviços, com centralidade nos trabalhadores da educação física inseridos no mercado do fitness, enquanto uma manifestação histórica da relação capital-trabalho no contexto da reestruturação produtiva. Primeiramente, buscamos traçar um quadro da chamada indústria do fitness no Brasil (1990-2010), destacando aspetos particulares de sua conformação na cidade do Rio de Janeiro. Por meio de uma trajetória histórica, realizamos uma síntese da evolução do campo das práticas corporais no Brasil, com foco na cidade do Rio de Janeiro, destacando a crescente mercantilização destas práticas na atualidade. Tratava-se de reconhecer o processo de empresariamento das academias, que tem no chamado “culto ao corpo” um de seus sustentáculos. Em seguida, tomamos o trabalho e a reestruturação produtiva como questões centrais para analisar a evolução e expansão da indústria do fitness na cidade do Rio de Janeiro (1990-2010). Analisamos as orientações e iniciativas da burguesia do fitness na gestão da força de trabalho e a relação capital-trabalho na indústria do fitness na cidade do Rio de Janeiro presente em convenções coletivas de trabalho do segmento. Por último, realizamos uma pesquisa com trabalhadores do fitness que mantém relação de trabalho com empresas de grande representatividade no segmento, como forma de caracterizar os elementos de precarização que enunciamos nos capítulos anteriores. Utilizamos como fonte de dados os estudos e pesquisas que abordam a problemática investigada, convenções coletivas de trabalho relativas ao período 2006 a 2012, edições da Revista ACAD e da Revista Fitness Business, entrevistas semi-estruturadas realizadas com trabalhadores de educação física inseridos como empregados em empresas de fitness, caracterizadas por elevado grau de desenvolvimento e representatividade neste segmento. Identificamos um processo agressivo de empresariamento do segmento com adoção de práticas claras de reestruturação produtiva, similares a outros ramos produtivos, onde o contrato de tempo parcial e o trabalho por meio de personal trainner provocam jornadas extenuantes de trabalho, incertezas, instabilidade e o encerramento precoce da vida laboral. A indústria do fitness, ao obscurecer a exploração do trabalhador de educação física, mistificando a realidade de trabalho por meio da figura do personal trainner, estimulando a iniciativa e o empreendedorismo dos trabalhadores envolvidos, escamoteia o pertencimento e a identidade de classe. Neste contexto, a luta coletiva dos trabalhadores de educação física é prejudicada. Em termos da organização ampliada da classe, desafios estão postos, como o de construir mecanismos de resistência e enfrentamento que possibilitem a superação da exploração do trabalho e emancipação do conjunto dos trabalhadores.

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