A repercussão do ato infeliz de uma deputada distrital, para não dizer desprezível, de ter enviado um ofício pedindo esclarecimento acerca de conteúdos ligados a sexualidade e gênero por um professor da Ceilândia, Região Administrativa do Distrito Federal foi imensa.
Os posts sobre esse assunto (aqui e aqui) atingiram juntos mais de 12500 acessos neste Blog. Também dou créditos a pagina do facebook Revolução de Boas que compartilhou em sua página e fez com que o post impulsionasse de maneira inacreditável para este modesto blog.
O assunto também foi pauta em diversos jornais e blogs
O assunto também foi pauta em diversos jornais e blogs
Debate sobre gênero e sexualidade em aula é previsto em lei, diz GDF Distrital enviou ofício a escola de Ceilândia questionando atividade em sala.Secretaria cita Plano Nacional; projeto contra o ensino tramita na Câmara.
Especialista e outros parlamentares criticam a atitude de Sandra Faraj ...
A Felicidade é que a maioria das reportagens e opiniões das redes sociais apontaram a estupidez que é a Escola sem Partido. No entanto, ainda há muita luta a se realizar pela democracia, pela liberdade de expressão e por uma educação crítica, pois a censura, a perseguição e os constrangimentos só estão começando.
Nestes mesmo dias , uma professora foi afastada, acusada de Doutrinação Comunista, porque um video em que os estudantes cantavam em sala de aula uma paródia da música Baile de Favela com as ideias de Marx:
Segue o vídeo:
Não é de hoje que ser Marxista, ou mesmo falar sobre Marx, é ser alvo de questionamentos, demissões e perseguições. Os que vieram antes de nós sofreram muito mais. Como disse uma vez José Paulo Netto, no texto 'Introdução ao Método da Teoria social', " na medida
em que a teoria social de Marx vincula-se a um projeto revolucionário, a análise e a crítica
da sua concepção teórico-metodológica (e não só) estiveram sempre condicionadas às
reações que tal projeto despertou e continua despertando. Durante o século XX, nas
chamadas “sociedades democráticas”, ninguém teve seus direitos civis ou políticos
limitados por ser durkheimiano ou weberiano – mas milhares de homens e mulheres,
cientistas sociais ou não, foram perseguidos, presos, torturados, desterrados e até mesmo
assassinados por serem marxistas". Texto disponível em: <http://pcb.org.br/portal/docs/int-metodo-teoria-social.pdf >
Marcelo Húngaro, grande amigo e professor da Faculdade de Educação Física da UnB, costuma dizer que para se estudar e entender a realidade de hoje, Marx pode ser insuficiente, mas sem ele se torna impossível. Portanto, como abolir das escolas e das universidades um autor, e com ele, todauma tradição, que foi tão influente e rejeitado nos últimos dois séculos, que deu base a uma matriz filosófica-científica como o materialismo histórico-dialético e uma teoria social riquíssima que nos faz compreender melhor a realidade atual. Chamá-lo de ultrapassado só demonstra a falta de conhecimento acerca do atual desenvolvimento da sociedade capitalista, suas crises inerentes e seu conflitos iminentes.
Pois bem, numa sociedade onde se tem hegemonia neoliberal, onde tudo pende ao modo de produção capitalista e a forma de ser burguesa, como pode-se falar que todo marxismo é doutrinário? Claro que existe gente que se apropria mal, ou de forma enviesada de Marx, assim como tem quem se apropria mal de Weber, Dukheim,e dos liberais. Mas hoje a juventude tem mais acesso ao acervo cultural da humanidade, e dentro do atual momento histórico o debate democrático pode acontecer em sala de aula, e existem recursos para se questionar abusos e aquilo que foge ao bom senso.
Sabe-se ainda que existem diversos Marxismos (que resumidamente desembocados a partir de três caminhos, o dogmátismo, o ecletismo ou a incorporação crítica) como demostra José Paulo Netto, no livro 'O que é Marxismo Ortodoxo' e que aborda neste pequeno vídeo:
Portanto, o que precisamos é nada mais que bom senso e respeito. Repúdio a todas as formas de cercear a democracia na escola e na sociedade. E se me permitem a liberdade de expressão: Vida longa a boa tradição do marxismo e que sua incorporação crítica permita a superação deste mundo injusto e desigual.
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