segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

#FORARICARDOTEIXEIRA

Tive acesso hoje a um artigo escrito pelo Dr. Sócrates, sobre as relações obscuras da CBF com alguns clbes Brasileiros, neste caso trata-se do Flamengo de 1995. Mas não se trata de acontecer somente com esse rival de meus times de coração (Vasco e Flu), todos os grandes clubes estiveram ou estão envolvidos em alguma falcatrua. O sistema de Federações e Confederações está falido. Não existe uma legislação séria, que garanta transparência e democracia no Sistema esportivo Brasileiro. Isso não é interesse das duas mais poderosas organizações esportivas brasileiras (CBF e COB) filiais das multinacionais (FIFA e COI), que mais se assemelham às grandes máfias corporativas!

Segue então o texto abaixo, de sua coluna na Carta Capital:

PROMISCUIDADE PURA 

Há dez anos, numa reunião da cúpula do Flamengo com um diretor da CBF, tratava-se de ajeitar uma tabela de campeonato de acordo com os interesses do clube 
Ainda tenho uma pendência financeira com o Flamengo que vem desde o tempo em que lá joguei – há exatamente 20 anos, eu chegava ao clube. Depois de muito tentar um acordo, joguei a toalha e decidi apresentar as minhas razões à Justiça. Os passos estão sendo dados, ainda que lentamente, e um dia se decidirá pelos meus direitos não atendidos. 

Pois foi em uma dessas tentativas de buscar uma solução amigável com o clube que vivenciei um quadro que diz bem como se processa a relação entre clubes e confederação quando existe um interesse comum. Eu marcara uma reunião com o então presidente do Flamengo, Kléber Leite (hoje ocupando um cargo informal no clube), e, na hora determinada, cheguei à nova e suntuosa sede do clube – no meu tempo, a administração era embaixo das arquibancadas da Gávea. Na ante-sala da presidência me pediram para esperar um pouco, pois ele estava em meio a uma reunião muito importante e que logo após me receberia. Recebi o recado com naturalidade e procurei uma cadeira para aguardar. 

Foi até bom, porque, nesse período em que permaneci ali na sala de espera, pude rever muitos e bons amigos que entravam e saíam daquela pequena saleta sem ter chances de ser atendidos. Relembrar com eles os anos em que lá passei foi muito prazeroso e me fez desprezar o tempo que perdi naquele ambiente. Finalmente, fui chamado para entrar no gabinete presidencial. Surpreendi-me, pois não vi ninguém sair e imaginei que deveria haver uma outra porta por onde os presentes ao encontro pudessem retornar aos seus afazeres normais. Fui levado à sala de reuniões em que, ao redor de uma grande mesa retangular, se postavam várias figuras conhecidas e alguns, para mim, estranhos. Percebi então que a reunião não terminara e que dali em diante eu estaria assistindo ao final da mesma. 

Depois de cumprimentar todos, sentei-me relaxadamente como sempre e passei a observar o ambiente. A princípio, notei que de alguma forma eu estava incomodando algumas daquelas pessoas, mas não a maioria. Eu nem mesmo havia entendido a causa de me terem convidado para participar daquela roda – o que eu tinha para falar com o presidente nem de longe poderia interessar aos demais –, mas busquei entender o que se passava pela cabeça de cada um deles. O técnico Luxemburgo, naquele momento, era o que mais falava e, inclusive, me argüiu sobre o que eu achava de Djalminha e Amoroso e qual dos dois serviria para ser o que eles chamavam de arco e flecha – aquele que arma a jogada e que também define, faz gols. A resposta, de tão óbvia, saiu como um reflexo da minha boca. 

Acho que, talvez, eles também estivessem discutindo a possível contratação do 
atual atacante do São Paulo. Mas, com certeza, este não era o assunto principal daquela confraria. E isso ficou claro depois do primeiro impacto que a minha presença provocou, quando eles retornaram ao tema principal que, inacreditavelmente, me teve como testemunha. Um senhor que eu não conhecia era nada mais nada menos que um diretor da CBF encarregado de formular as tabelas dos campeonatos – pelo menos na Copa do Brasil daquele ano, 1995, ele parecia ter plenos poderes. Os demais estavam com as datas do torneio nas mãos e com o quadro de confrontos, que ainda não fora definido, deitado sobre a grande mesa. 

Todos os aspectos eram expostos nos mínimos detalhes e discutidos pela alta cúpula do clube ali presente. Qual a data mais interessante para jogar, já que, concomitantemente, o Flamengo disputava o Campeonato Carioca. Onde seria menos desgastante se apresentar – no interior do Pará ou de Goiás, por exemplo. Quais os adversários que exigiriam menos. Discutiu-se, inclusive, qual time poderia atrapalhar os seus mais tradicionais rivais do estado do Rio de Janeiro – particularmente o Vasco da Gama. 

Tudo o que se definia era anotado pelo senhor em questão. Como um vassalo, ele se prestava a dar qualquer esclarecimento que fosse do interesse dos demais. Depois de pouco mais de uma hora, definiu-se o que se queria. A partir daquele instante, todos ali, de comum acordo, já sabiam o que poderia ser a caminhada do Flamengo rumo ao pretenso título – que, apesar de todos aqueles cálculos, acabou não sendo conquistado. 

Por essas e outras é que sempre duvidei de qualquer ato das federações e/ou confederação. É muita promiscuidade. Quando o árbitro, réu confesso de ter manipulado resultados no atual Campeonato Brasileiro, aponta alguns dirigentes como agentes de pressão para proteger determinados clubes, não tenham dúvidas de que mais uma vez ele está dizendo a verdade. E tenho certeza que muito mais podridão há debaixo do tapete.

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