domingo, 15 de abril de 2012

ESPAÇO VIVO 05



É assim mesmo...

Por Tiago Onofre


“Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem” – Rosa Luxemburgo



Em Setembro de 2011, participei pela primeira vez de uma passeata, uma marcha, nesse caso, contra a corrupção, na agradável manhã de 7 de Setembro. Foi uma experiência interessante em se tratando de um ato coletivo em reação a algo que nos incomoda. O teor deste texto não é o simples relato dessa experiência, mas algumas reflexões acerca do fato de se incomodar.


Durante a marcha, pude perceber o ato de indignação da sociedade perante a corrupção no País. Naquele momento, algumas figuras como José Sarney (para mim a maior representação de político corrupto) e Jaqueline Roriz foram os maiores criticados, essa última, talvez, pelo “calor do momento” de sua absolvição.


Nesse final de semana presenciamos mais uma “onda de calor” que nos leva novamente a indignarmos sobre a situação atual, impulsionada, por um lado, pela greve geral de professores, no Estado de Goiás e Distrito Federal, contra o crescente descaso com a Educação e, por outro, pelo “Efeito Cachoeira”, na qual os dois governadores desses Estados estão envolvidos.


As manifestações são importantes e esperamos que tenham resultados históricos como os movimentos “Diretas Já” e “Caras-pintadas” de décadas anteriores, mas precisamos apreender da/na realidade, quais os limites e aberturas históricas para a superação.


Mas vivenciamos tempos de descontentamento e descrença na força em que essa forma de movimento social tem enquanto efetiva reação. O histórico de corrupção e sua consequente impunidade, a criminalização, ou pior, ridicularização à qualquer movimento popular de reação, nos leva a pensamentos de que “não dará em nada”, como no já citado e esquecido caso Jaqueline Roriz.

Reforço aqui que devemos sim reagir, criticar, manifestar, paralisar, fazer o que for preciso para mudar o estado atual das coisas. Devemos vencer o comodismo crescente dos últimos tempos que sufoca as nossas esperanças. Devemos lutar e estarmos prontos até o histórico momento em que a possibilidade concreta esteja ao nosso alcance. O Estado e a política não são entes superiores e alheios à sociedade, nós somos parte deles.


Por fim, nossa maior dificuldade, além das alarmantes situações concretas, é abandonar a visão da impossibilidade de mudança, presa cada vez mais na crença de que a realidade e a História, aparentemente situadas num presente perpétuo, no qual o passado inexiste e o futuro nos condena.


Eis, então, o grande desafio, afinal de contas, é assim mesmo...




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