Parada
A espera de ônibus
Vejo, a caixa.
Na caixa
Um homem,
Pequeno, com frio.
Na altura das 6 da manha, faminto.
Uma neblina caía
A caixa abria, fechava, se mexia.
Uma criança observava.
Mas não entendia
O que há nessa caixa havia...
A caixa fechada
Protegia
O homem que, ali repousava.
O homem que, ali se abrigava.
O homem que, ali se escondia.
A menina parada comia,
Um chocolate
Que partiu pela metade,
E jogou na tampa da caixa que se mexia.
A tampa da caixa logo desmorona
Uma cabeça e vista
Mãos pequenas
Boca acelerada
É paisagem...
Comendo o chocolate
Amargo, doce, ninguém sabe.
Por que a menina que comia
Fazia caretas, fazia folia
Para ir para aos braços da mãe
Que cansada em pé, ainda dormia.
Felicidade no rosto da pequena, não tinha.
Não sei se a cena da caixa
Não sei se o azedo da vida
Mas um sorriso estampou
Quando viu o enigma
Que na caixa mexia
Chega à chuva
Os pingos fortes a cena interrompia
O homem pequeno fecha caixa
Que agoniza a desmoronar
Pela água de setembro que cai
O Para chuva da parada fica quente
O povo ali se abriga
Homem curioso,
Se aventura na chuva
E da caixa,
Se aproxima
Meio receoso abre...
Meu ônibus chega
E pela janela, vejo homem pequeno mais uma vez...
Dentro da caixa em posição fetal
Ele sorri...
Ônibus parte,
Foi isso...Só isso!
E mais um encontro.
Uma cena, sem ponto final
Na cidade da garoa
Grande,
Populosa
E fria,
São Paulo.
Elis Lua
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