quarta-feira, 2 de novembro de 2011

#FICAGARRINCHA e o CBCE-DF


População pressiona para Estádio Mané Garrincha não mudar de nome

Em Brasília, há muita reclamação com a alteração para Estádio Nacional

Quarta, 31 de Outubro de 2011, 14h12
Ed Ferreira/AE
População pressiona para Estádio Mané Garrincha não mudar de nome
Paulo Fávero
SÃO PAULO - Dos 12 palcos para a Copa de 2014, quatro terão seus nomes consagrados alterados: os estádios de Brasília, Natal, Manaus e Cuiabá. Na capital do Amazonas, o Vivaldão passará a se chamar Arena Amazônia. No Rio Grande do Norte, o Machadão vai se tornar Estádio das Dunas. Em Mato Grosso, o Verdão vai virar Arena Pantanal. Mas é no Distrito Federal que a população está se articulando para reclamar da mudança de Mané Garrincha para Estádio Nacional.

Até Elza Soares, viúva do ex-jogador morto em 1983 e que ganhou duas Copas do Mundo pelo Brasil, ficou indignada com a alteração que coloca fim à homenagem que seu antigo marido recebeu ainda em vida. "É muito triste ver mais uma vez comprovado que o Brasil é um país sem memória. Não se recorda dos seus heróis e seus ídolos. Como disse Moacyr Franco na canção 'Balada Número 7': 'Cadê você, cadê você, você passou... As jornadas da vida são bolas de sonho. Que o craque do tempo chutou'", diz, desapontada.

Para não deixar a história passar em branco, um processo de recolhimento de assinaturas começou a ser tocado por pesquisadores do Distrito Federal, bastante incomodados com a história. Pedro Fernando Avalone Athayde, secretário distrital do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE-DF) e doutorando em Política Social pela Universidade de Brasília, é um dos articuladores do movimento 'Fica Mané Garrincha'.

"O movimento teve início com o recolhimento de assinaturas de apoio por meio da internet. No entanto, com o apoio da sociedade civil, pretende-se levar o movimento para as ruas, participando ativamente dos espaços de debates sobre a organização da Copa do Mundo de 2014 em Brasília. Pretendemos assim ampliar o lastro de intervenção, contribuindo para o controle social das ações em torno da realização desse megaevento esportivo, como é o caso das discussões sobre a Lei Geral da Copa", explica.

Cláudio Monteiro, secretário executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, explica que a intenção foi usar um nome que identificasse diretamente a cidade. "O Estádio Nacional de Brasília é o nome oficial, já que representa e identifica a capital federal no País e no mundo. No entanto, o nome Mané Garrincha estará sempre no vocabulário e nos corações dos brasilienses, a exemplo do estádio jornalista Mário Filho, popularmente conhecido como Maracanã."

Ele revela que, inclusive, existe a vontade de homenagear o craque que marcou época no Botafogo. "Faz parte do projeto a instalação, dentro do estádio, do museu Mané Garrincha, que vai resgatar a memória e a história de um dos maiores jogadores de futebol. No Estádio Nacional, o homenageado já existe, é o Mané Garrincha."

Mas o movimento acha que isso é pouco e insiste que o Comitê tem de devolver o nome original à futura arena, que receberá partidas da Copa das Confederações em 2013 e do Mundial em 2014. "A manutenção do nome tem sua importância na possibilidade de resgatarmos a figura de um dos maiores jogadores de futebol da história do Brasil. O Garrincha representou como ninguém o estilo brasileiro de jogar e é o exemplo que melhor sintetiza a expressão 'futebol-arte'. Ele jamais obteve o reconhecimento merecido, seja pelo Estado ou entidades que administram o futebol nacional. Sugerimos, inclusive, que seja erguida uma estátua em referência ao Mané, a alegria do povo, em frente ao estádio", conclui Pedro Athayde.

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