segunda-feira, 8 de abril de 2013

Juca Kfouri: Marin na mira, Ronaldo no gatilho


Marin na mira, Ronaldo no gatilho 

Olhe para a foto acima de José Maria Marin, com Ronaldo, e veja como ainda funcionavam os disfarces rejuvenecedores no rosto do octogenário cartola, menos de um ano atrás.
Agora olhe para a foto abaixo, do último sábado, ao lado de Evo Morales, presidente da Bolívia,  e de Marco Polo Del Nero, vice da CBF.
A máscara caiu.
Marin não está resistindo mais às pressões e agora foge da imprensa como seu antecessor.
Tanto que de Londres, depois do amistoso da Seleção Brasileira contra a da Rússia, foi para seu apartamento em Nova York, para escapar de perguntas incômodas.
Marin não imaginou que voltar à vitrine custaria tão caro.
Em seu período de maior destaque, vivia-se num Brasil ou sob censura ou ainda sem plenas liberdades.
De pijama, aposentado, ele estava esquecido, mas, ao aceitar presidir a CBF, e o COL, chamou para si todas as atenções.
E a vidraçaria de seu telhado não poderia aguentar.
Como não aguentará porque a artilharia é pesada e mais chumbo grosso virá.
Exposto ainda antes de assumir pelo bizarro episódio da medalha, seu passado cúmplice da ditadura aflorou em seguida.
E sua incrível vocação para o deslize foi minando-o dia a dia, a ponto de, hoje, o repórter Martín Fernandez revelar, na “Folha de S.Paulo”, que Marin prometeu aos pais do menino morto em Oruro uma renda, na Bolívia, que já estava dada à Federação Boliviana, por contrato, desde 2011.
O cartola mentiu seguidas vezes, para brasileiros e bolivianos, como provam os documentos publicados na “Folha”.
É claro qua Marin virá com explicações estapafúrdias como as que deu para o episódio da medalha (“doada pela FFF de Del Nero”), dos discursos acusadores (“não citei nome”), do gato (“esqueci de desfazê-lo ao vender o apartamento”), ou das gravações comprometedoras (“não falo sobre montagens”), mas fato é que ele sabe que está marcado para sair do COL porque a Fifa, que lhe paga o salário, não o quer mais lá.
Por mais que negue oficialmente, a cúpula da Fifa jamais o viu com bons olhos por causa das imagens da medalha surrupiada e sempre esteve constrangida com sua presença.
Enquanto isso, Ronaldo se movimenta, se desloca, porque sabe que tem preferência.
Telefona ao blog para explicar que o COL e a TV são compatíveis, como Franz Beckenbauer demonstrou na Copa da Alemanha — embora tenha citado também Michel Platini, que não comentou a Copa de 1998.
Diz a um jornal como “O Estado de S.Paulo”, na sexta-feira passada, que acha ótimo o trabalho de Romário na Câmara Federal e que apóia um inimigo de Marin para sucedê-lo, caso de Andrés Sanchez.
Defende em outro jornal como “O Globo”, ontem, a saída e Marin da CBF, embora saiba que será muito mais fácil tirá-lo do COL.
Mas viaja, amanhã,  para uma temporada de estudos em Londres, onde ficará razoavelmente longe do tiroteio.
Porque os dias de Marin estão contados.
Ou ele apressa sua renúncia, ao menos do COL, onde o governo também não o quer, ou além dos anéis perderá os dedos, algo que seu antecessor conseguiu evitar ao fugir para a Flórida.
E não terá mais tempo na vida para recuperar nem uma coisa nem outra.

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