quarta-feira, 6 de julho de 2011

ESPAÇO VIVO 07

Orgulho de ser UnB!

Para aqueles que não sabem, a Veja, mais uma vez, publicou uma matéria extremamente tendenciosa, atacando a Universidade de Brasília. O título do ataque foi: Madraçal do Planalto! Confesso que tive que recorrer ao google... 
Mas o teor do ataque revelava que a UnB teria se torna um antro de esquerdistas autoritários. Incrível é afirmar que o estabelecimento do voto universal para as diretorias e reitorias seja um ato anti-democrático... Como assim? Para que serve a universidade? O estudante não tem direito (assim como, os funcionários e professores) de eleger entre seus professores, àquele que vai dirigir sua universidade?
Talvez a população não saiba, nem a Veja é claro, mas mesmo na UnB, pessoas de esquerda são minoria! Na Faculdade de Educação Física então, Marx e Engels são uma dupla de capetas! Eu e outros poucos, já fomos depreciados por sermos do campo crítico da área. Por estudarmos Marx! 
Cansei de ouvir piadas: você nem parece professor de Educação Física! Será então, que para parecer teria que ser "bombado", fútil e burro? Ou andar de terno e gravata, para valorizar minha profissão? Me recuso!
Tenho certeza que a Educação Física é mais do que um corpo sarado ou atlético. É conhecimento da cultura corporal (dança, jogos, brincadeiras, ginástica, luta, esporte, capoeira, circo etc), é uma prática social emanharada no cotidiano das pessoas, historicamente situada! É uma profissão difícil, com colegas difíceis, mas, com a beleza da arte docente! Sopro de vida! E o melhor, toda essa dedicação a minha profissão eu devo, em muito a Universidade onde passei os melhores anos de minha vida! Orgulho de ser UnB!
Pedro   Osmar Flores de Noronha Figueiredo (Tatu)


Ainda, sobre o assunto VEJA xUnB posto também um artigo bem direto de um professor, mestrando na UnB...



Orgulho de ser UnB! Vergonha da Veja!
Rafael Ayan Ferreira
05 de julho de 2011.

“Calma aí, a UnB também não é um mar de rosas... temos Marcelo Vermes como professor!”

A comunidade acadêmica da Universidade de Brasília, também conhecida como esquerdista ou traficante de drogas segundo as reportagens deletérias de Veja, começa a responder à altura a raivosa reportagem desqualificada publicada em 4 de julho de 2011 sob o título “Madraçal do Planalto”. Com erros grosseiros de um repórter vendido que mal conhece a UnB, a ponto de criar um cargo de Decano da Faculdade de Direito para o Professor Ronaldo Poletti – e não existem decanos de faculdades ou institutos, pois esse é um cargo administrativo na Reitoria –, a reportagem é um show de baixaria típico das organizações Civita. Nota-se aqui que podemos focar a discussão em três pontos principais: a ética no jornalismo, a saúde mental de docentes (e somente deles) da UnB e algumas formas que a democracia assume atualmente no país.
A reportagem de Veja contraria os mais elementares aspectos da ética no jornalismo. De um universo de mais de 30.000 pessoas, focou em menos de 10% do público total, no caso, os professores. Desse seguimento, numa atitude científica puramente amostral e sem nenhuma parcialidade, vejam só, a revista divulga a opinião de 6 pessoas que vão de Roberta Kaufmann à Demétrio Magnoli, ambos sem vínculo empregatício com a UnB. No hall de professores da matéria está o inconsequente aprendiz de Big Brother Marcelo Vermes, que agora terá que provar na justiça o que quis dizer com “hostilidade oficial” ao casal de professores Márcio Pimentel e Concepta McManus. O Brasil pode carecer de muitas coisas mas, felizmente, a responsabilidade na publicação de determinadas informações ainda precede o escárnio público. Veja, uma revista que começa depois da página 100 de tanto indexar propagandas e acaba na página 101 após falar mal da UnB ou de Brasília deve um pedido formal de desculpas à comunidade universitária.
Porém, monstros não são criados sozinhos, mas sim alimentados pelos criadores que só os combatem quando percebem que estão fora de controle. A falta de uma política de saúde mental com alguns professores da universidade fez nascer Marcelo Vermes e sua latrina virtual que chama de blog. Inconformado por jamais ter passado no vestibular para medicina e vomitando pelos corredores da UnB que dá aula para esse curso, MHL, como é conhecido, anda com cartõezinhos com o endereço de seu blog a tiracolo e parece passar horas a fio destilando seu veneno na web. Ah, a internet, essa acumuladora infinita de tags... o fato é que agora é difícil identificar se o caso de MHL é para ser tratado pela polícia ou por um corpo de psiquiatras de notório saber científico, dada a omissão da universidade em assumir o seu papel educador de ajudar os incapacitados, com todo o respeito aos psiquiatras e aos incapacitados. É da negligência de colegas docentes, de acharem que é normal, democrático ou não acharem nada das atitudes infantis de Marcelo Vermes que nascem as tentativas de alimentar negativamente a imagem de nossa estimada universidade.
Só para situar o tanto que MHL entende de Keynes e Marx, em 2008 o fanfarrão apoiou a chapa Alternativa Livre, do coletivo UnB Livre, para a ADUnB (Sindicato dos Professores da UnB). A Chapa tinha em sua composição nomes ligados diretamente à projetos de esquerda, como Rita Segato (Antropologia), Perci Coelho (Serviço Social), Jorge Antunes (Música), Patrícia Pinheiro (Serviço Social), Rodrigo Dantas (Filosofia), que foi apoiador e candidato a governador do DF pelo PSTU em 2010 e o próprio Frederico Flósculo (Arquitetura) que inocuamente também foi parar na reportagem jocosa de Veja por divergências pessoais com a Reitoria. Embora jamais tenha aberto qualquer livro de economia ou política social, MHL se acha no direito de chamar os técnicos-administrativos da UnB de vagabundos por fazerem greve e, não obstante, recortar os tweets respondidos por assessores de senadores e colar em seu blog como se respostas pessoais a ele fossem e gozar como se aquele ato representasse o hexacampeonato brasileiro de futebol no Maracanã.
Assim, é impossível falar desse desrespeito à UnB sem falar de democracia, conceito combatido pelo grupo Abril ou por blogs sensacionalistas sem nada de ciência ou Brasil, mas com muito de irresponsabilidade. Um ataque dessa magnitude de Veja à UnB, até o fim da década de 1990, poderia ser no máximo combatido por meia dúzia de sites de partidos políticos ou sindicatos. No entanto, com a democratização da comunicação – ainda incipiente, é verdade, mas crescendo exponencialmente –, principalmente no que tange às redes sociais, indexadoras de propaganda como Veja deixaram de ser a única referência de leitura em massa. Mais que isso, a voz de setores historicamente excluídos está ao alcance de qualquer internauta, bem como as receitas de Ana Maria Braga e os resultados da Mega Sena. Veja, Globo e outras corporações midiáticas capitalistas sofrem bastante com isso e até hoje não conseguiram lidar com a perda de público para o próprio público. Essa questão fica latente quando a população se revolta via web e em atos nas ruas contra golpes como o da bolinha de papel de José Serra no período eleitoral em 2010 ou na cobertura independente via twitter que moradores do Alemão fizeram na invasão da polícia em dezembro do mesmo ano, denunciando os saques das milícias travestidas de lei. É duro ter que encarar a divisão do palco conosco, os contribuintes.
É revoltante ver diretores de centros de custo da universidade com mil afazeres ter que parar suas atividades de ensino, pesquisa e extensão para esclarecer mentiras, deturpações, ironias e outras questões menores que não sejam de interesse público. Entretanto, as acusações são tão cretinas que até a oposição à reitoria ou professores conservadores como o ministro do STF Gilmar Mendes fizeram questão de se posicionar contra a reportagem. Não tenho ligação alguma (nem quero ter) com o PT ou com a Reitoria da UnB, tampouco comungo da visão privatista de educação superior daquele partido, mas o ataque feito por Veja está longe de ser uma questão pessoal como é a de Flósculo com José Geraldo. Portanto, esse ataque merece uma reposta à altura da comunidade universitária, incluindo os maconheiros e pelados criticados por Veja que não trabalham para ferir a liberdade de expressão de ninguém e tampouco obrigam as pessoas a fazer uso indevido de drogas lendo essa revista ou a se despir para aparecer como repórter Esso de um periódico medíocre ou blog delinquente.
Por fim, mesmo com toda essa lama, fica a lição e a resposta da universidade. Veja, Marcelo Vermes e Reinaldo Azevedo, os irmãos metralha ou três patetas, como queiram, conseguiram o que parecia impossível: unir os mais variados pensamentos divergentes da UnB em torno da ética no jornalismo, defesa da democracia e respeito à UnB. Só falta agora união para decidir se é democrático e ético que mantenedores de blogs imbecis no site de Veja ou no Blogspot mereçam ser punidos ou se o caso é para ser tratado clinicamente.

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Rafael Ayan Ferreira
Pedagogo
Mestrando em Educação
Graduando em Serviço Social
(61) 9333-6810 / 8153-3063
Brasília - DF
 


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